quarta-feira, 2 de julho de 2014

Caso ou compro uma bicicleta?

Quem cravou a segunda alternativa é bom repensar no assunto. Uma nova safra de estudos comprova que os casados são mais saudáveis e vivem mais. E, se você sair pedalando por aí, de preferência em boa companhia, nem se fala

Um dos conselhos que Vinicius de Moraes dava aos amigos era: "Ame, porque nada melhor para a saúde do que um amor correspondido". E não é que o poetinha estava certo? Novas pesquisas confirmam que manter um relacionamento feliz é tão importante para viver saudável quanto a prática de atividades físicas. Um desses estudos, realizado pelo Centro de Estatísticas em Saúde dos Estados Unidos, mostra que os apaixonados vivem mais e sofrem menos de problemas cardíacos e depressão. "Os integrantes de um casal passam a cuidar um do outro e ficam mais tempo em casa. Com isso diminuem o consumo de drogas e álcool sem contar os níveis de estresse", ressalta a psicóloga Denise Gimenez Ramos, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

AFORÇA DO AMOR
Ter um casamento feliz ajuda o corpo a combater com mais eficiência o vírus da gripe, garante um outro estudo, feito pela Universidade de Birmingham, na Inglaterra. Os pesquisadores examinaram o nível de anticorpos em parceiros que se davam bem e notaram um aumento dessas substâncias no sangue — sinal inequívoco de que o sistema imunológico está apto a combater infecções. Veja como funciona o círculo virtuoso: "Sentir-se amado favorece a auto-estima e aumenta a sensação de felicidade e bem-estar. Tudo isso fortalece o sistema de defesa do organismo", explica a psicóloga Ana Maria Rossi, presidente do Isma-BR, entidade internacional de estudo sobre o estresse.

Mas vamos levar a sério a pergunta jocosa que dá título à reportagem. Ninguém nega os benefícios da bicicleta. Afinal, pedalar ajuda a manter a forma e a exercitar o corpo, enquanto o casamento, temos que reconhecer, engorda, como mostra um levantamento publicado na prestigiada revista científica inglesa The Lancet. Nas mulheres o ganho de peso começa logo na lua-de-mel. Querendo agradar o cônjuge, elas trocam seus hábitos alimentares pelos pratos prediletos de sua carametade. "Mesmo aquelas acostumadas a comidas leves, como salada, passam a seguir a alimentação do marido, normalmente atraído por receitas calóricas, ricas em gordura e proteína animal", disse à SAÚDE! David Haslam, autor do estudo.

Depois de algum tempo de convivência a situação se inverte. São as mulheres que passam a influenciar o parceiro e o convencem a adotar uma dieta mais saudável. O problema é que eles extrapolam na quantidade e acabam ganhando alguns quilos, mas nada que chegue a atrapalhar a saúde. A pesquisa foi feita pela Universidade de Newcastle, da Inglaterra, e revelou esse padrão de comportamento alimentar em milhares de casais que dividem o mesmo teto, em várias partes do mundo.

 Se você tem medo de engordar e já está imaginando que em nome da elegância é melhor ficar sozinho, atenção. Lembre-se do outro lado da moeda com o estudo realizado pela Universidade de Warwick, também na Inglaterra. Segundo seus autores, permanecer solteiro pode ser tão prejudicial à saúde quanto fumar. As pessoas sozinhas correm de três a cinco vezes mais risco de morrer de infarto e outros problemas do coração. "Os solteiros são mais estressados, bebem muito álcool porque saem freqüentemente com os amigos, comem demais e trabalham além da conta", justifica a psicóloga Ana Maria.

Como nem só de amor vive o homem, o número de bicicletas vendidas no país em um ano é dez vezes maior do que o de casamentos. Foram mais de 5 milhões de "magrelas" comercializadas em 2005 — o Brasil é o terceiro mercado consumidor desse meio de transporte. Para se ter idéia, o número de uniões civis foi de cerca de 450 mil no mesmo período. Sobre o casamento, bem, uma pesquisa do IBGE revela que estamos nos casando cada vez mais tarde. Em 1991, o homem se unia em matrimônio com 27 anos em média e a mulher, com 23,7. Em 2002 a idade média deles subiu para 30,3 anos e a delas para 26,7 anos.

"Mas não pense que casar está fora de moda. Ao contrário, as pessoas cada vez dão mais valor aos relacionamentos", observa Elisabete Dória Bilac, socióloga e pesquisadora do Núcleo de Estudos Populacionais da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A especialista explica que as mudanças de comportamento nos últimos anos tornaram as pessoas mais conscientes dos problemas decorrentes do matrimônio. Daí elas se preparam, e muito bem, antes de assumir um compromisso. "Um casamento não é mais uma obrigação social e, sim, uma escolha", completa.

Faça os dois

Depois de tudo isso, a conclusão a que se chega é de que, para se levar uma vida realmente saudável, o melhor mesmo é casar-se e comprar uma bicicleta. A atividade física só faz bem, pois reduz o risco de diversas doenças e, de quebra, aumenta a produção de serotonina, o hormônio da felicidade. Um bom casamento alivia as pressões do dia-a-dia e, cá entre nós, nada melhor para viver feliz do que ter um grande amor. Se é assim, por que não unir o útil ao agradável? Chame seu parceiro para pedalar com você. Assim vocês se divertem juntos, estreitam os laços e... cuidam da saúde!

(desconheço a autoria)

Clau Srt

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixar um comentário